Diz que
gaúcho não chora
Quando perde
um grande amor,
Mas se a
prenda vai embora
Com certeza
vem à dor.
É sofrimento
sem fim,
Parece mesmo
que em mim
Tem um
punhal de verdade,
Cravado
dentro do peito
E assim não
durmo direito
Com punhal
da falsidade.
O rancho
ficou vazio
Sem afeto,
nem carinho,
Foi como se
o vento frio
Invadisse
meu ranchinho,
Mas vento de
tempestade,
Pois ela
deixou saudade
Dentro do
meu coração.
E sem se
importar comigo,
Disse que
fui bom amigo
E rindo
pediu perdão.
Enquanto
arrumava a mala
Confirmou
que não me amava.
E ali no
canto da sala
Disse que
doutro gostava.
E me
deixando perplexo,
Falou que
fazia sexo
Enquanto
noutro pensava.
Senti
tamanho rancor,
Que no
momento da dor
Quase a vida
lhe tirava.
Mas pensei
por um minuto
E deixei que
fosse embora,
Meu rancho
estava de luto,
A solidão me
devora,
Vítima do
mau destino,
Chorei igual
um menino
Quando perde
algum brinquedo.
O que vou
fazer agora?...
Diz que
gaúcho não chora,
Mas eu
chorei em segredo. JOSÉ HEITOR FONSECA.