domingo, 26 de janeiro de 2014

O SOFRIMENTO DE UM GAÚCHO.




Diz que gaúcho não chora
Quando perde um grande amor,
Mas se a prenda vai embora
Com certeza vem à dor.
É sofrimento sem fim,
Parece mesmo que em mim
Tem um punhal de verdade,
Cravado dentro do peito
E assim não durmo direito
Com punhal da falsidade.

O rancho ficou vazio
Sem afeto, nem carinho,
Foi como se o vento frio
Invadisse meu ranchinho,
Mas vento de tempestade,
Pois ela deixou saudade
Dentro do meu coração.
E sem se importar comigo,
Disse que fui bom amigo
E rindo pediu perdão.

Enquanto arrumava a mala
Confirmou que não me amava.
E ali no canto da sala
Disse que doutro gostava.
E me deixando perplexo,
Falou que fazia sexo
Enquanto noutro pensava.
Senti tamanho rancor,
Que no momento da dor
Quase a vida lhe tirava.

Mas pensei por um minuto
E deixei que fosse embora,
Meu rancho estava de luto,
A solidão me devora,
Vítima do mau destino,
Chorei igual um menino
Quando perde algum brinquedo.
O que vou fazer agora?...
Diz que gaúcho não chora,
Mas eu chorei em segredo.                                         JOSÉ HEITOR FONSECA.