sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

José Heitor Fonseca, O Cordelista dos Pampas.


José Heitor Fonseca , o cordelista dos pampas (Foto: Gazeta de Caçapava)

 “Toda droga é perigosa/ Isto ficou comprovado/ mas não é contagiosa, pois ‘pega’ só o drogado/ Por isso faço um relato/ Do que aconteceu de fato/ No meu Rio Grande amado”. Com estas palavras, o poeta caçapavano José Heitor Madri Fonseca abre o livro “Churrasco de Cachorro”, lançado recentemente.
A história em cordel (gênero literário popular escrito na forma rima) lembra o episódio ocorrido em Caçapava em 2009, quando um usuário de drogas foi acusado de matar cachorros e vender a carne. 
“Foi notícia nos jornais/ e de susto quase morro/ pois parou nos tribunais/ como apelo de socorro/ alguém estava vendendo/ e o outro acabou comendo/ até carne de cachorro”, completa a estrofe.
O autor, que diz “não saber se comeu a tal carne de cachorro”, escreveu a história baseado no fato, que ganhou repercussão nacional após matéria da Gazeta. Ele enviou o texto para o poeta Josué Gonçalves de Araujo, que publicou pela coleção Magazine Gibi. 
“Escrevia contos e letras de músicas. Um dia conheci o cordel através dos livros do Zeca Pereira. Então mandei alguns textos para ele. Depois conheci Varneci Nascimento, que tem a editora em São Paulo”, diz o escritor autodidata, que tem em casa vários cordéis dos amigos mencionados e de outros escritores, como Leandro Gomes de Barros, um dos precursores do cordel no Brasil no século 19.

Fonseca começou escrevendo contos e músicas gauchescas, uma delas, “O bandoneon”,  foi gravada pelo grupo Cambonaço. 
Em versos uno o Nordeste/ com nosso pampa gaúcho/ nas histórias de Cordeis/ às quais da memória puxo/ Pois gaúcho e nordestino/ Já vem de berço o destino / Ser brasileiro de luxo
“Nós gaúchos não estamos habituados ao cordel, mas escrevemos muitas trovas gauchescas que se assemelham muito a este estilo literário”, diz o autor, que tem seis livros de cordel lançados:  A história de Chico Pica Fumo, Saudoso Gildo de Freitas, O sangue da vingança, O rancho da Maricota e Jesus, O cordeiro enviado, além de Carne de Cachorro.
“São livros fáceis de ler, gostosos, divertidos e baratos. Custa só R$ 3,00. Então é uma literatura acessível”, completou o cordelista do pampa, que também é autor dos livros Falso Amor, Língua Ferina, Verde Pampa, Meu chão e Grinalda Mágica.
Os livros do autor, seja em poesias gauchescas ou em cordel, relatam o pampa gaúcho, as culturas e as tradições do Rio Grande do Sul.
Gaúcho caçapavano/ É firme- não escorrega/ Lino Azambujo dizia/ ‘Caçapava não se entrega’/ Concordo com sua frase/ Quem é gaúcho não nega/ Morre peleando no campo/ Sem se esconder na macega/ Também sou de Caçapava/ Touro bravo não me pega.
Serviço: Quem quiser conhecer mais o autor e suas obras, pode entrar em contato pelo telefone (55) 9978-2695 ou pelo e-mail: zeheitordopampa@hotmail.com. Os livros de cordel custam R$3,00 cada.

Matéria do Jornal do Pampa.


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

ASSIM É NO MEU RINCÃO.








ASSIM É NO MEU RINCÃO.

O gado fica berrando
No campo grande da estância,
O pasto com abundância
No seu verde crescimento,
Serve sempre de alimento
Para os “bichos” da fazenda,
O fazendeiro contente
Vê crescer a sua renda.

Assim é no meu rincão,
Onde canta a passarada,
Gado gordo na invernada
E tem porco no chiqueiro,
As galinhas no terreiro,
Também o cantar do galo,
No piquete a gente encontra
Em prontidão um cavalo.

O barulho que se escuta
É o murmúrio da cascata
E o gorjeio lá na mata
Dos passarinhos em festa,
Neste cenário só resta
Ouvir uma gaita ponto
Choramingar a vaneira
Pra que tudo fique pronto.

Distante lá da cidade
Sinto uma vida melhor,
Porque tudo ao meu redor
Reflete felicidade,
Um campeiro de verdade
Não vive longe do campo,
Pois é nas várzeas, coxilhas,
Que destemido me acampo.

José Heitor Fonseca.